Estamos avançando rapidamente com a chegada de tecnologias que prometem otimizar nosso tempo. No entanto, é crucial lembrarmos da importância do contato humano, especialmente no contexto do marketing.
O conceito de Humanismo Digital: Uma abordagem equilibrada
Marshall McLuhan previu que a tecnologia se tornaria uma extensão do corpo humano. O Humanismo Digital busca integrar a tecnologia à experiência humana, com valores, ética e bem-estar no centro das interações digitais. Se considerarmos tudo criado pelo ser humano como tecnologia, a afirmação de McLuhan abrange toda a jornada humana. Segundo o professor e consultor, Cássio Pantaleoni, se entendemos que tudo aquilo que é manufaturado pelo ser humano é tecnologia, então a afirmação de McLuhan não trata apenas do futuro, mas de qualquer momento na caminhada da humanidade. Por outro lado, destaca Cássio, se entendemos tecnologia como uma subcategoria que diz respeito à tecnologia computacional ou digital, o apontamento para o futuro torna a afirmação coerente com a perspectiva de que estes elementos poderão ser extensões do próprio corpo. “Não há porque não assumirmos com segurança que usaremos roupas computadorizadas com dispositivos digitais embarcados para aprimorar a nossa interação com o mundo, seja ele natural (físico) ou virtual (digital)”, explica.
Mas como isso se encaixa no humanismo digital?
O Humanismo Digital nasceu com o propósito de revigorar valores, ideias de bem-estar e considerações éticas para que o uso das interfaces digitais não seja usado para ferir a sociedade. “A Inteligência Artificial nos poupará do raciocínio e da reflexão crítica, ela tenderá a padronizar as relações do mundo por meio de histórias ilegítimas, promovendo um esquecimento geral das vantagens do pensamento crítico. Isso deverá dividir a sociedade de uma maneira muito prejudicial, entre aqueles que não se importam e aqueles que desenvolvem as histórias para que a sociedade não se importe. Humanismo Digital pressupõe educação de princípios, para ele primeiro vem o humano, depois o digital. O centro de tudo isto ainda somos nós”, explica o professor.
A Inteligência Artificial nos permite diminuir o tempo que ficaríamos focados em atividades rotineiras, “com a IA eu posso ter à disposição conhecimentos que tomam muito tempo para serem adquiridos para que eu possa desenvolver uma tarefa ou atingir um objetivo sem o custo do tempo. É basicamente uma máquina de economizar tempo”, salienta Cássio Pantaleoni.
No âmbito da tecnologia derivada da Inteligência Artificial, o Humanismo Digital pressupõe um conjunto de premissas que permitam que usemos a interface sem detrimento daquilo que significa ser humano. A exemplo de uma recente entrevista do professor da Stern School of Business, Scott Galloway, onde ele destaca o risco da IA promover isolamento social, é preciso avaliar o modo como disponibilizamos, regulamos e educamos as pessoas para usar esta nova interface sem subtrair aquilo que nos faz primatas elaborados: a interação social física. Que é o que nos permite avaliar legitimamente as reações dos outros.
O Humanismo Digital pressupõe um equilíbrio entre a tecnologia e a experiência humana, garantindo que avanços como a inteligência artificial sejam incorporados de maneira a preservar o que nos torna seres humanos: a interação social genuína. Você tem tido esse equilíbrio no seu dia a dia?