CategoriaEstratégia e Tecnologia
19/02/2024
5 minutos

Open Venture Builder: modelo de inovação que faz empresas crescerem acima da média

Open Venture Builder corresponde a iniciativas que desenvolvem (“buildam”) startups que já existem no mercado em vez de “criar do zero”, ou seja, são startups que possuem fundadores, estão em processo de validação ou crescimento e atendem a uma dor real. Já passaram da fase de ideação, tiraram a ideia do papel, mas precisam ainda de acesso ao mercado (clientes), para escalar o negócio.

Venture builder é uma entidade especializada na criação e no desenvolvimento de novas startups. Também conhecida como “startup factory” ou “startup studio”, difere de um modelo tradicional de incubadora ou aceleradora, pois é focada na concepção, na criação e no desenvolvimento interno de várias soluções ao mesmo tempo.

A grande questão a ser analisada é: para uma corporação que busca soluções inovadoras, quer seja para resolver dores internas ou para criar novos modelos de receitas, faz sentido nos dias de hoje, com o aumento da competitividade, criar uma startup internamente, sendo que já existem milhares de startups já criadas, testadas e validadas por centenas de empresas em todo o mundo?

Quando o conceito de venture builder ou startup studio surgiu em 1996 fazia todo o sentido, visto que o ecossistema, naquela época, era incipiente e, ao aplicar o modelo de startup ou lean startup, reduzia-se a longa jornada de desenvolvimento de novos produtos e serviços, e ainda trabalhava o mindset em aceitar a falha como processo de inovação.

 

Precursores das venture builders

Tudo indica que a primeira iniciativa foi a Idealab. Sediada na Califórnia, sob a liderança de Bill Gross, a empresa acumula êxitos na criação de mais de 150 empreendimentos, incluindo 45 ofertas públicas iniciais (IPOs) e cinco unicórnios. Idealab abriu caminho para a entrada de novos participantes nos anos subsequentes. Um dos exemplos notáveis é a Rocket Internet, uma empresa alemã fundada em 2007 pelos irmãos Samwer.

Outro exemplo importante é a Betaworks, uma startup studio com sede em Nova York. Fundada em 2007, tem histórico de criação e investimento em várias companhias de tecnologia, incluindo empresas como Giphy, Dots e Chartbeat, porém o termo venture builder foi citado pela primeira vez pelo investidor-anjo Nova Spivack, em 2011, no momento em que a maioria dos elementos que o compõem ainda estava em gestação.

 

Inovação aberta como aliada

Associado ao fato de que existem milhares de startups com excelentes soluções prontas no ecossistema global e de que o tempo para promover inovação tem reduzido significativamente, “time-to-market”, iniciar algo do zero até o seu lançamento no mercado se torna um cenário cada vez mais complexo. Outro fator crucial são as pessoas envolvidas; normalmente, na inovação interna, trata-se de colaboradores com apoio de “consultores” e não de empreendedores. Nesse sentido, há o consenso de que o time é fator de sucesso, criando inclusive o jargão mundial: “A aposta é feita no jóquei e não no cavalo”.

Nesse cenário, várias organizações têm buscado o modelo de inovação aberta (Open Innovation), como alternativa, porém nem sempre as startups que atendem a uma necessidade estão prontas, precisando ainda de um processo de amadurecimento (buildagem), principalmente nos aspectos ligados à gestão e governança, para suportar um crescimento sólido, a fim de se tornarem efetivamente fornecedoras de uma corporação.

A inovação aberta é um conceito introduzido por Henry Chesbrough, que enfatiza a importância de não confiar apenas em recursos internos para impulsionar o setor. Em vez disso, as empresas devem se abrir para ideias, conhecimentos e colaborações externas, buscando ativamente parcerias e soluções fora de suas fronteiras organizacionais. O conceito reconhece que o conhecimento e a expertise não estão confinados às paredes da empresa e que a colaboração com outras partes interessadas pode trazer novas perspectivas e acelerar o desenvolvimento.

 

Corporate Venture Builder

Uma empresa, ao criar uma Corporate Venture Builder (CVB), pode optar por usar o modelo original de Venture Builder (VB), criando um programa interno para desenvolver startups (do zero), ou pode optar por criar em um modelo de Open Venture Builder, baseado em inovação aberta, com startups já maduras existentes no mercado.

Corporate Venture Building é uma iniciativa adotada pelas médias e grandes empresas, em busca de inovação para gerar diferenciais competitivos no mercado, quer seja, para dentro, aumentando sua eficiência operacional, reduzindo custos, aumentando a experiência do cliente, receitas ou para fora, gerando novos modelos de negócios que atendam às necessidades de seus clientes ou do mercado, abrindo novos clientes e novas fontes de receitas.

Nos últimos quatro anos, dezenas de corporações estão implementando o modelo de Open Venture Builder, que irá gerar investimentos para mais de 500 startups, contribuindo também para o fortalecimento do ecossistema de startups brasileiro. Entre elas destacam-se o Grupo Algar Telecom, TecBan, FAEMG – Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Grupo Leonora, Andrade Gutierrez, Grupo Vellore e Grupo Woli.

De acordo com Geraldo Santos, empreendedor com forte atuação no ecossistema de startups nos últimos 15 anos e investidor do grupo FCJ, líder mundial em projetos de Open Venture Builder, “a construção de Corporate Ventures Builders tornou-se uma prática de inovação proeminente nos últimos anos. Em vários países, as grandes e médias empresas reconhecem a sua influência na exploração de oportunidades fora do seu negócio principal. Em um estudo recente, a McKinsey descreve o corporate venture building como A Escolha do CEO – modelo a ser adotado por mais de 50% dos líderes corporativos, considerando-a uma das três principais prioridades para geração de novas fontes de receitas”, enfatiza Santos.

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