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22/06/2025

2025–2035 A Década da Convergência: Como preparar pessoas e organizações para um futuro que já começou

O horizonte entre os anos de 2025 e 2035 será marcado por transformações simultâneas que redesenham os contornos do presente e projetam um futuro profundamente diferente. Mais do que uma era de inovações isoladas, vivemos a chamada década da convergência: um período em que múltiplas megatendências, tecnológicas, demográficas, sociais e climáticas, atuam de forma entrelaçada, exigindo respostas integradas, urgentes e sustentadas por conhecimento, empatia e estratégia. Nesse cenário, preparar pessoas e organizações é mais do que uma meta educacional, é um pacto de sobrevivência e relevância.

A convergência começa a se desenhar nos dados. O relatório What’s Next 2035, publicado pelo Ecossistema Inova, sistematiza tendências que apontam para uma mudança de paradigma. O envelhecimento populacional, por exemplo, já é uma realidade concreta no Brasil. De acordo com o IBGE (2022), mais de 10,5% da população brasileira tem 65 anos ou mais, e em estados como o Rio Grande do Sul, esse índice já ultrapassa os 14%. Esse fenômeno desafia os modelos atuais de previdência, saúde, produtividade e organização do trabalho, que ainda são pensados para sociedades predominantemente jovens.

Paralelamente, a digitalização avança em ritmo acelerado, mas desigual. Enquanto a inteligência artificial promete automação de tarefas e novos mercados, grande parte da população brasileira ainda está à margem da inclusão digital significativa. Dados do Cetic.br mostram que 20% dos domicílios do país ainda não têm acesso à internet, sobretudo nas zonas rurais e nas periferias urbanas. A exclusão digital aprofunda desigualdades e limita o acesso a oportunidades educacionais, laborais e de participação cidadã. É nesse paradoxo de abundância tecnológica e escassez de acesso que precisamos intervir com precisão.

A educação, nesse contexto, emerge como o eixo central da transformação. Não apenas pela função tradicional de transmitir conteúdos, mas pela capacidade de formar sujeitos críticos, criativos e preparados para lidar com a complexidade e a interdependência do mundo contemporâneo. Segundo o World Economic Forum, 65% das crianças que hoje entram no ensino fundamental trabalharão em profissões que ainda não existem. No entanto, a taxa de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos cursando ensino superior ou técnico compatível é de apenas 27,1% (IBGE, 2024). Essa lacuna entre a escola e o mundo do trabalho é um dos maiores riscos sociais da próxima década.

Nesse sentido, organizações como o Instituto Inova assumem um papel estratégico. Atuando como ponte entre territórios, empresas, governos e comunidades, o Instituto desenvolve soluções que combinam educação, tecnologia e empreendedorismo com foco em impacto social e econômico sustentável. Por meio de metodologias como o Índice de Maturidade do Pilar Social, o Inova contribui para que instituições públicas e privadas avaliem seu estágio atual de engajamento social e definam rotas de ação baseadas em evidências e propósito.

O desafio, contudo, não se limita à juventude. A educação ao longo da vida se torna cada vez mais necessária à medida que os ciclos profissionais se prolongam e as competências exigidas se renovam constantemente. Trabalhadores de todas as idades precisam de oportunidades contínuas de aprendizado, seja para permanecerem ativos no mercado, seja para se reconectarem a ele após períodos de afastamento. Aqui, as empresas têm responsabilidade direta, pois o desenvolvimento de pessoas é também desenvolvimento de negócios. Ambientes que estimulam a aprendizagem, a escuta e a diversidade tendem a ser mais resilientes, inovadores e comprometidos com seu ecossistema.

A convergência não é apenas um desafio, é também uma oportunidade histórica. Quando compreendida em sua complexidade, ela abre espaço para articulações que antes pareciam distantes: educação e tecnologia, juventude e envelhecimento, inovação e território, impacto e estratégia. Para isso, é fundamental superar a lógica de ações pontuais e adotar modelos integrados, com monitoramento rigoroso, cocriação com os beneficiários e redes colaborativas multissetoriais.

O Instituto Inova acredita que transformar com intenção e afeto é possível e necessário. Essa transformação começa com o reconhecimento de que os dilemas da próxima década já estão presentes hoje. E que, para enfrentá-los, precisamos de uma nova gramática de atuação: mais conectada à realidade, mais aberta ao futuro e mais comprometida com o bem comum. Preparar pessoas e organizações para esse cenário é, portanto, um gesto de visão e de cuidado. Porque o futuro, mais do que um destino, é uma construção coletiva.

Emanuelle Nava Smaniotto , CEO Instituto Inova


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