A inovação social vem ganhando força como um pilar estratégico essencial para empresas que buscam alinhar crescimento econômico à geração de valor social. Em um cenário global marcado por mudanças rápidas e desafios complexos, organizações que desenvolvem soluções para problemas sociais não apenas fortalecem seu posicionamento de marca, como também aumentam sua atratividade junto a investidores, talentos e consumidores conscientes.

De acordo com o Global Impact Investing Network (GIIN), o mercado global de investimentos de impacto ultrapassou a marca de US$ 1 trilhão em 2023, refletindo uma crescente mobilização de capital para iniciativas que aliam retorno financeiro a impacto positivo. Ao mesmo tempo, dados da Harvard Business Review indicam que empresas com forte desempenho em práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) crescem 28% mais rapidamente e apresentam 55% mais engajamento dos colaboradores, reduzindo custos com rotatividade e aumentando a produtividade.

Essa convergência entre inovação e impacto social está diretamente conectada a tendências globais, como as apontadas no relatório What’s Next 2035 do Ecossistema Inova. O estudo destaca forças motrizes como sustentabilidade regenerativa, cidadania digital e transformação do trabalho, que pressionam empresas a adotarem um papel mais ativo na solução de problemas sociais e ambientais. As chamadas “mega trends”, como a valorização da diversidade, o envelhecimento populacional e a reconfiguração dos sistemas educacionais e de trabalho, moldam um novo paradigma de atuação empresarial.

Nesse contexto, integrar impacto social à estratégia de inovação exige mais do que boas intenções. Requer planejamento estruturado, indicadores claros e governança de impacto. Algumas práticas fundamentais incluem:

• Diagnóstico social organizacional: ferramentas como o Índice de Maturidade do Pilar Social, desenvolvido pelo Instituto Inova, ajudam a mapear o grau de integração da dimensão social na estratégia das empresas.

• Cocriação com o território: parcerias com startups sociais, coletivos locais e instituições educacionais permitem que soluções sejam mais contextualizadas, efetivas e escaláveis.

• Medição e transparência: adotar indicadores como o ROI Social (Social Return on Investment) e utilizar ciência de dados para mensurar impacto real são passos essenciais para gerar confiança e valor sustentável.

• Conexão com políticas públicas e ODS: projetos alinhados à Agenda 2030 da ONU e a políticas como a Estratégia Nacional de Educação Digital potencializam o alcance e a legitimidade das ações sociais corporativas.

Além do retorno reputacional, há um ganho econômico significativo. Segundo estudo da McKinsey & Company, companhias com práticas ESG maduras podem registrar redução de até 20% nos custos operacionais e crescimento médio de 60% nos lucros em um ciclo de dez anos.

A mensagem é clara: empresas que escolhem inovar com impacto não estão apenas contribuindo para um mundo mais justo — estão investindo em sua própria longevidade, relevância e sustentabilidade. Em um mundo onde 65% das crianças que hoje estão na escola terão empregos que ainda não existem (IBGE, 2024), o papel das organizações será decisivo na formação de futuros possíveis.

Transformar comunidades é mais do que uma responsabilidade: é uma estratégia inteligente para quem quer liderar o futuro.

Emanuelle Smaniotto, CEO Instituto Inova