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10/05/2025

O Futuro do Impacto Social — Tendências para o Terceiro Setor

O mundo está mudando — e o campo social precisa se antecipar. Para apoiar esse movimento, o Instituto Inova compartilha neste artigo os principais insights do relatório What’s Next: Direction 2035”, um estudo gerado a partir do Ecossistema Inova.

Construído com base em análises globais, comportamentos emergentes e cenários futuros, o material identifica 18 megatendências e mais de 30 transformações sociais e culturais que vão influenciar o terceiro setor, os investimentos sociais privados e a maneira como organizações geram impacto.


Megatendências que vão impactar o Terceiro Setor

1. World 5.0: Do controle para o cuidado
A lógica da eficiência bruta lugar à inteligência do cuidado. Organizações sociais terão um papel essencial na transição para modelos de desenvolvimento que combinam inovação, empatia e conexão territorial.

2. Sustentabilidade Integrada (Environmental + Social + Governance)
Não é mais possível separar o impacto ambiental do impacto social. As organizações precisam integrar os três pilares do ESG — mostrando valor social com resultados financeiros e indicadores concretos.

3. Pressão por Transparência e Autenticidade
Será cada vez mais exigido que ONGs, institutos e coletivos sociais comuniquem seus resultados de forma clara, mensurável e verdadeira. A coerência entre discurso e prática será chave.

4. Colaboração como Estrutura
A atuação em rede e a cocriação com comunidades substituirão estruturas verticais. Projetos intersetoriais e inteligência coletiva se tornam formas preferenciais de desenhar soluções sociais.

5. Inovação com Propósito
Tecnologias sociais, plataformas abertas, formação digital e metodologias participativas se consolidam como ferramentas-chave para o impacto social.


Comportamentos emergentes que você deve observar

O relatório identifica um conjunto robusto de tendências comportamentais que, mesmo emergentes, são visíveis no cotidiano de muitas organizações. A solidariedade e o humanismo deixam de ser apenas valores morais para se tornarem exigências cidadãs — especialmente em uma sociedade marcada por desigualdades estruturais. O fortalecimento das redes de apoio e do cuidado comunitário são respostas diretas a esse cenário.

A participação ativa de comunidades nas decisões sobre os rumos de projetos e políticas públicas também ganha destaque. Em vez de implementar soluções “para” os territórios, cresce a demanda por iniciativas feitas “com” os territórios. A escuta qualificada, o reconhecimento da sabedoria local e a valorização das experiências coletivas são marcas de organizações mais relevantes.

Outro comportamento-chave é o reconhecimento de que o aprendizado é contínuo. A educação ao longo da vida, aliada à inclusão digital real, torna-se condição básica para inclusão produtiva, cidadania plena e geração de inovação social. Ainda assim, mais de 20 milhões de brasileiros com acesso à internet ainda não possuem habilidades digitais básicas — um dado que exige ação estratégica do terceiro setor e das políticas públicas.

Por fim, o cuidado com a saúde mental e com o outro ganha urgência. Ambientes psicologicamente seguros, programas de escuta e prevenção de riscos psicossociais passam a ser estruturantes. Em paralelo, organizações mais diversas e adaptáveis são vistas como mais preparadas para lidar com a complexidade dos desafios contemporâneos.


Como as organizações podem se preparar?

1. Diagnosticar a maturidade do pilar social

Antes de agir, é preciso compreender onde se está. Diagnosticar a maturidade do pilar social significa mapear as práticas atuais da organização — seus projetos, políticas internas, relação com comunidades e indicadores de impacto — e posicioná-las dentro de um percurso evolutivo. Para apoiar esse processo, o Instituto Inova desenvolveu uma ferramenta própria de mensuração de maturidade social, que permite avaliar o estágio atual da empresa e gerar, em seguida, um diagnóstico completo com plano de ação personalizado, alinhado aos objetivos estratégicos da organização. Essa abordagem ajuda a identificar lacunas, fortalecer narrativas de ESG social e orientar investimentos futuros com mais clareza e consistência.

2. Criar produtos e projetos com impacto social + retorno financeiro
A sustentabilidade financeira não é oposta ao impacto social — ela é um meio de torná-lo escalável e contínuo. Projetos com modelos híbridos (social e econômico), rastreabilidade de resultados e alinhamento com as metas de negócio têm ganhado força. Fundos filantrópicos, negócios de impacto, educação corporativa com viés social e consultorias especializadas são caminhos reais para gerar valor compartilhado.

3. Trabalhar em rede
A construção coletiva amplia alcance, reduz sobrecarga e qualifica a resposta social. Parcerias intersetoriais, consórcios entre organizações do terceiro setor e alianças com setor público ou empresas criam sinergias que vão além do financiamento: geram legitimidade, conexão com políticas públicas e capilaridade. Iniciativas como o Pacto pela Equidade Racial e redes colaborativas de juventude mostram que articular é também liderar.

4. Incorporar escuta, diversidade e bem-estar como pilares estruturais
Incluir não é mais diferencial — é requisito. Organizações que integram diversidade, escuta ativa e cuidado com a saúde mental em seus modelos de gestão e operação aumentam sua legitimidade e impacto. Escuta estruturada com públicos atendidos, ações afirmativas internas, formação em vieses inconscientes e protocolos de acolhimento são práticas que sustentam ambientes mais inovadores, resilientes e humanos.


Fontes que inspiraram este artigo:

  • Relatório What’s Next: Direction 2035″ | Instituto Inova (2024)

  • Tendências 2024 | WGSN & Global Futures Lab

  • World Economic Forum | Global Risks Report 2024

  • McKinsey & Company | Insights on Social Impact


Gerar impacto real exige estratégia, colaboração e compromisso com resultados — e o momento de construir isso em rede é agora.

Emanuelle Nava Smaniotto, CEO Instituto Inova

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